domingo, 27 de junho de 2010

A missão do cristianismo no processo de globalização

POR : LYNNGLOMMY



O crescente fosso entre Norte e Sul


A globalização é a oportunidade única de o cristianismo realizar efetivamente seu caráter universalista e católico. Porém existe um fator negativo, pois ela se desenvolve no modo de produção capitalista altamente competitivo.

O poder econômico, quando aliado ao político, determina o rumo do mundo. Isso acontece por causa das diversificações e informações que se tornam poderosos agentes em vários fatores. Além do mais, o capital global conseguiu uma simbiose com os estados nacionais, fazendo alianças de interesses e transformando a população em consumidores, sem participar em suas sociedades. O conflito entre capital e trabalho também vem crescendo, pois os ganhos gerados pelo aumento da produtividade não são divididos democraticamente entre os trabalhadores. Com a capital tendo mais poder sobre a riqueza, ele aumenta ainda mais a contradição em relação àqueles que vivem do seu próprio trabalho. Por isso, o desemprego ganha forma crônica, provoca migrações, xenofobia, e desenraizamento cultural, o que provoca o surgimento de exclusão social.

Há também conflitos entre Norte e Sul. O sistema global de mercado está criando hoje uma polarização mais extrema e danosa à sustentabilidade do que nos tempos mais violentos da colonização.

O fim da era colônia não significou a superação da dominação e da opressão. Pelo contrário, surgiram formas mais sofisticadas para explorar. E isso está se agravando a cada dia.

“ Na era da globalização, as elites do hemisfério norte estão revelando uma incapacidade crescente de fazer com que o aumento da riqueza e a acumulação do capital venham acompanhados de melhoramento da qualidade de vida de todos os cidadãos da Terra como um grande e único ecossistema. E as elites do sul, sempre menos numerosas, estão tentando adaptar-se, pelas políticas de ajustes estruturais, ao mercado mundial, aumentando seus privilégios e com imensa exclusão social de porções numerosas da população. Criou-se, na verdade, um Norte global (constituído pelas elites do Norte e do Sul) e um Sul global (pelas maiorias pobres do Sul, junto com o número crescente de trabalhadores empobrecidos e excluídos do Norte), aumento o fosso entre um e outro ”.

Esse tipo de globalização comandada pelo capital e não por uma ética e humanismo, faz ocorrer uma radical crise de civilização.

O desenvolvimento material nos últimos anos produziu insatisfação, quebra de fraternidade e solidariedade. A natureza e os homens foram tratados como mercadorias. Daí a grave crise ecológica que estamos sofrendo atualmente.

As religiões e igreja foram cooptadas por esse sistema. Em alguns países, perderam sua capacidade profético-crítica, em outros, os setores importantes do cristianismo compreenderam o pecado social e estrutural desse tipo de ordem.



Rumo a uma única sociedade mundial.


A crise mundial civilizacional é de tal gravidade que corremos o risco de cataclismos sociais enormes e de um colapso ecológico alarmante se não encontrarmos uma saída redentora.

Por isso, é necessário um novo sentido fundamental para a vida humana pessoal e social. É muito importante refocalizar a própria compreensão do ser humano, haver a concepção de sociedade, revistar a noção de democracia, a qual deve ser social e participativa, refundar a economia política, impor um novo paradigma de desenvolvimento onde a atividade econômica deve ter a finalidade de centrar o referencial de desenvolvimento no homem individual e coletivo e haver uma transformação cultural e subjetiva.

A democracia planetária é um desafio enorme, porém não impossível. O perigo é global e a salvação também. Ou todos mudam de atitude, ou todos nos perderemos.



A missão do cristianismo no processo de globalização


O cristianismo tem, nisso, um desafio: Salvar a humanidade sob grave ameaça de auto-destruição. Para tal desafio é necessário que ele se globalize e seja aceito pelas culturas mundiais.

Só será aceito como valor aquele cristianismo que, antes de qualquer coisa, descobrir nas tradições culturais e espirituais da humanidade a presença do Espírito e do Evangelho de Deus. Após servir e inculturar-se nos valores do respectivo povo, anuncia o Evangelho de Jesus.

O cristianismo só abrir-se-á á globalização se ele defender a vida sob todas as suas formas e viver a irmandade universal a partir dos pobres e oprimidos.

A vida é a realidade mais ameaçada. A vida é sagrada, pois representa a floração mais alta e misteriosa do processo evolucionário. É por ela que revela o mistério do mundo que chamamos de Deus..

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