sábado, 5 de dezembro de 2009

Revoltas Nativistas


Ocorridas num intervalo de aproximadamente 30 anos, as revoltas nativistas têm muito em comum. Os movimentos nativistas foram conflitos locais entre brasileiros e portugueses. O governo português explora muito nossa terra, pois os seus interesses eram contrários aos nossos. Essa atitude do governo português deu origem a revoltas conhecidas pelo nome de movimentos nativistas, que se caracterizaram pelo amor à terra natal. Era isto que as distinguia das outras revoltas. Rebeliões ocorridas em diferentes regiões brasileiras no período colonial. Tem em comum a defesa dos interesses das elites locais contra a política mercantilista e fiscal da Coroa portuguesa. Principais movimentos: Insurreição Pernambucana (1645); Revolta dos Beckman (1684), no Maranhão; Guerra dos Emboabas (1708), em Minas Gerais; Guerra dos Mascates (1710), em Pernambuco; e Revolta de Felipe dos Santos (1720), na cidade mineira de Vila Rica.

Revolta dos Beckman (1684)

No Maranhão, por volta do século XVII, a situação econômica baseava-se na exploração das drogas do sertão e nas lavouras dos colonos. A mão-de-obra usada nessas plantações não podia ser a escrava negra, uma vez que a região maranhense era pobre e não tinha recursos para valer-se de tal mão-de-obra escassa e cara, restando como opção a escravização de indígenas. Já as drogas do sertão eram extraídas com mão-de-obra indígena, porém não escrava, uma vez que os índios, habitantes de missões jesuíticas, eram convencidos a fazê-lo por livre e espontânea vontade, a favor da comunidade onde viviam. Um impasse, porém, estabeleceram-se nessa situação quando os jesuítas conseguiram determinar junto a Portugal a proibição da escravização indígena, causando a insatisfação dos colonos e opondo os dois grupos. Tendo como um dos motivos amenizar a tensão entre agricultores e religiosos, o governo português estabeleceu, em 1682, uma Companhia de Comércio para o Estado do Maranhão, que tinha como finalidade deter o monopólio do comércio da região, vendendo os produtos europeus e comprando os locais, além de estabelecer um trato de fornecimento de escravos negros para a região. Esta, contudo, não foi a solução do problema uma vez que a Companhia vendia produtos importados a altos preços, oferecia pouco pelos artigos locais e não cumpria com o abastecimento de escravos, sendo marcada pelo roubo e pela corrupção.

O descontentamento da população, diante deste quadro, aumentava cada vez mais. Assim, chefiados por Manuel e Tomas Beckman, os colonos se rebelaram, expulsando os jesuítas do Maranhão, abolindo o monopólio da Companhia e constituindo um novo governo, que durou quase um ano. Com a intervenção da Coroa Portuguesa, foi nomeado um novo governador para a região. Este puniu os revoltosos com a condenação à prisão ou ao exílio dos mais envolvidos, a pena de morte para Manuel Beckman e Jorge Sampaio e reintegrou os jesuítas no Maranhão. Dos objetivos da revolta o único que foi, de fato, alcançado com sucesso foi a extinção da Companhia de Comércio local.

"Não resta outra coisa senão cada um defender-se por si mesmo; duas coisas são necessárias: revogação dos monopólios e a expulsão dos jesuítas, a fim de se recuperar a mão livre no que diz respeito ao comércio e aos índios." Manuel Beckman (1684)

Guerra dos Emboabas (1708)

No fim do século XVII, os bandeirantes paulistas descobriram ouro na região das Minas Gerais, na época, região pertencente à capitania de São Vicente. Este ouro seria uma riqueza muito importante para Portugal e para todos os brasileiros, uma vez que, desde a crise da produção do açúcar, estes vinham buscando uma nova fonte de lucro. Pelo fato dos paulistas terem sido pioneiros na descoberta das jazidas de metais preciosos, julgavam-se no direito de possuir a exclusividade de extração destes, não aceitando que forasteiros, em sua maioria baianos e portugueses, também se beneficiassem da atividade. O nome emboabas, palavra vinda da língua tupi e que se referia a um determinado tipo de ave com pés emplumados, fora usado pelos paulistas, povo simples e rude, em menção pejorativa aos portugueses, que usavam botas, acessório incomum dentre os primeiros.

Estas discrepâncias entre bandeirantes, colonos da Bahia e portugueses acabaram desencadeando um conflito armado. Neste, os emboabas saíram vitoriosos, visto que estavam em maior número, possuíam mais e melhores armamentos e tinham o apoio do Estado Português, para o qual interessava que o maior número possível de mineradores explorassem a região, visto que quanto maior fosse a mineração, mais ouro seria extraído e conseqüentemente mais lucro teria a metrópole.

Para melhor administrar a região e encerrar o conflito, o Governo Português criou a capitania de São Paulo e das Minas. Voltando aos paulistas, derrotados, muitos abandonaram a região, dirigindo-se para Mato Grosso e Goiás, fato que implicou não só na descoberta de novas minas de ouro, como também na expansão territorial do domínio português na América.

Guerra dos Mascates (1710)

Em Pernambuco, por volta do século XVIII, podiam-se destacar dois grupos sociais como os de maior importância. O primeiro deles era a aristocracia rural olindense, que, produtora de açúcar, vinha empobrecendo com a crescente desvalorização deste produto devido à crise açucareira. O segundo era o grupo de comerciantes recifenses, que estavam prosperando com o intenso comércio que se praticava na região e com os empréstimos que faziam a altos juros aos olindenses falidos. À medida que os mascates, apelido pejorativo dado pelos olindenses aos comerciantes do Recife, ganhavam importância econômica, mais se incomodavam com a condição de subordinação política a Olinda, estabelecida pelo fato de ser apenas da segunda o título de Município, implicando que se localizasse e fosse comandada por esta a Câmara Municipal, força política de ambas as regiões. Muito insatisfeito com a condição de freguesia de Olinda e com as decisões políticas que barganhavam as crescentes dívidas da elite rural, Recife busca a autonomia junto a Portugal. Inicialmente a Coroa pendeu para o lado dos proprietários de terra, mas não deixando de ignorar a importância cada vez maior dos comerciantes, o governo luso acabou por, em 1709, privilegiá-los, elevando a freguesia à categoria de município, com sua própria Câmara Municipal.

Os olindenses, inconformados, invadem e dominam os recifenses, nomeando um governador. A reação local gera um conflito armado que prossegue até a chegada de um novo governador enviado pelo Reino. Este prende os principais envolvidos na revolta mantém a autonomia do Recife, que no ano seguinte viria a ser elevado à categoria de sede administrativa de Pernambuco.

Revolta de Felipe dos Santos (1720)

A descoberta das jazidas de ouro e o início da extração aurífera na Brasil faziam surgir em Portugal a necessidade de uma administração que assegurasse os privilégios da metrópole, facilitasse a política fiscal e impusesse o absoluto controle sobre a mineração, impedindo o contrabando. A Revolta de Felipe dos Santos ou Levante de Vila Rica, ocorreu como conseqüência destes crescentes tributos. Visando impedir fraudes no transporte e no comércio do ouro em pó ou em pepitas, o governo real criou as Casas de Fundição, nas quais todo ouro extraído seria fundido e teria o quinto cobrado. Também foi estabelecida uma rigorosa legislação com penas severíssimas a todos aqueles que fossem surpreendidos circulando com ouro bruto. Insatisfeitos com as novas medidas e com a opressiva tributação imposta à região, mais de 2000 mineradores, liderados por Felipe dos Santos, dirigiram-se ao governador de Minas Gerais. Sem soldados suficientes para reprimir a revolta, o governador estrategicamente decidiu receber alguns revoltosos fingindo aceitar a revogação da instalação das Casas de Fundição e a diminuição das tributações. Deste modo ganhou tempo e quando conseguiu reunir forças militares suficientes prendeu todos os revoltosos punindo-os com rigor e violência e condenando à forca e ao esquartejamento o líder Felipe dos Santos.

Sendo totalmente frustrada em seus objetivos, esta rebelião ainda implicou na separação das capitanias de São Paulo e Minas Gerais, intensificando a autoridade real sobre a região.

Fonte: Colband.com

5 comentários:

  1. muito bom todo esse interessante texto falando sobre a guerra dos enboabas

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  2. gostei mtmtmtmt pq é bem completo

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  3. escreve mais resumidamente esse texto ta mt grande da pregiça d ler

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  4. Eu acho que já está super resumido... A história do Brasil é muuuuito mais extensa.

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